A eterna construção: lona, tijolo e reparos

Dias atrás visitamos o Assentamento Comunidade de Resistência, no município de Funilândia - MG. Entre muito imprevistos, demorar quase 10 horas de Viçosa a uma cidade próxima à Belo Horizonte, foi o mais desgastante. Mas alguns acontecimentos não previstos também enriqueceram as filmagens.

Visitamos o Comunidade de Resistência para documentar a experiência deles na construção da tipologia de casa do INCRA. Atualmente, os assentamentos rurais tem o direito de acessar um crédito habitacional no valor de R$ 15.000,00. Como o assentamento começou a construção das habitações quando este valor era R$7.000,00, o restante do recurso será acessado agora. O que implica em modificações nas casas recém construídas. Alguns assentados ainda nem se mudaram para elas.

No vídeo abaixo, Eliane, que já está morando na nova casa, mostra o que o dinheiro deu para construir e o que ela necessita.



Um dos grandes problemas da planta arquitetônica que o INCRA oferece para os moradores é que esta é um modelo de casa popular urbano, portanto inadequado ao rural. Some-se a isto, a dificuldade de fazer alterações no modelo, pois o INCRA só as libera se forem realizadas por um profissional da área, serviço pelo qual os assentados não podem pagar. A saída que se encontra é a construção da casa, e depois de pronta sua adequação às necessidades da família. Quando não existe um planejamento, a construção é eterna.

Vejam o exemplo de Divino e Divina, que prestes a se mudarem para o novo lar, já estão construindo uma cozinha externa, para poderem utilizar o fogão à lenha.



Todas estas visitas e conversas foram acompanhadas por um dos arquitetos do Terra Crua e pelo assentado do Olga Benário, Zé Rodrigues. Esta visita também teve o papel de colher informações sobre o processo organizativo de construção das habitações, servindo como base para direcionar esta etapa aqui no Assentamento Olga Benário.

Apesar da chuva e das imagens cinzas que colhemos, tivemos uma "pontinha de sorte". Quando chegamos na vila próxima ao Comunidade de Resistência, fomos comprar comida em uma mercearia e pedir informações. Eis que, questionados em qual assentamento queríamos ir: no novo ou no velho, e sem saber que existia outra ocupação na redondeza, encontramos com um morador do assentamento. Ele nos levou até lá e nos explicou a confusão. Aproximadamente a 40 dias atrás, uma nova ocupação havia acontecido.

Aproveitando da oportunidade de documentar um acampamento recente, em que as famílias estavam ainda em barracos de lona, fomos até lá. A visita foi rápida e bem mais pesada, pois a situação das moradias é ainda mais precária. Jussara, que pagava aluguel na cidade e agora é uma das coordenadoras do acampamento, saiu de uma reunião para nos atender. Em apenas um cômodo está morando ela, o marido e a filha pequena.

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